Educação, arte, saúde & Cia: Colaboradora no livro Equilíbrio Humano e Seus Distúrbios: Do Estilo de Vida à Reabilitação

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Colaboradora no livro Equilíbrio Humano e Seus Distúrbios: Do Estilo de Vida à Reabilitação


CAPÍTULO 07
Autoestima e Qualidade de Vida em Idosos com Vestibulopatias

Resumo 
Este capítulo sistematiza um conjunto de informações sobre a relação entre autoestima e qualidade de vida em idosos com doença vestibular, cujos sintomas incapacitantes mais referidos, são tonturas e vertigens, Esses sintomas poderão levá-los a apresentar desequilíbrio corporal, insegurança física, riscos de quedas e fraturas. Poderão ainda apresentar comportamentos como: irritabilidade, perda da autoconfiança, fadiga, dificuldades cognitivas, isolamento social e outros que poderão repercutir sobre sua autoestima e qualidade de vida. A autoestima corresponde à valoração intrínseca que o indivíduo faz de si em diferentes situações e eventos da vida, tomando como referência um determinado conjunto de valores, que elege como positivos ou negativos. É considerada um dos componentes da qualidade de vida na medida em que está diretamente relacionada ao bem-estar psicológico. De início, é apresentado um panorama sobre o conceito de autoestima, seguido de algumas considerações sobre a função que assume durante o processo de envelhecimento e, por fim, é apresentada a síntese de um processo de intervenção realizado com idosos vestibulopatas, em que se evidencia que o seu comportamento não difere dos idosos não considerados doentes vestibulares, segundo relatos da literatura acadêmica, mas que a sua participação em grupos sociais representados por seus pares, concorre para a elevação da autoestima.  Palavras-chave: Autoimagem. Doenças Vestibulares. Qualidade de Vida. Saúde do Idoso.



1-Introdução 
Tonturas e vertigens constituem os sintomas incapacitantes mais referidos por pacientes com distúrbios vestibulares. Embora possam ocorrer em qualquer idade, esses sintomas são muito frequentes em idosos. A ocorrência de tonturas e vertigens se revela bastante incômoda para a população idosa, uma vez que poderá levá-la a apresentar insegurança física e/ou desequilíbrio corporal, riscos de quedas e fraturas, fadiga, entre outras ocorrências1. Todos esses aspectos poderão influenciar os idosos vestibulopatas no desempenho de suas atividades diárias; dificultar os seus deslocamentos em calçadas e em escadas sem apoio, nos meios de transporte e na direção de veículos. Concomitantes às tonturas e vertigens, poderão ocorrer náuseas, vômitos e cefaleias que, por sua vez, poderão acarretar incômodos e sensações desagradáveis, contribuindo para restringir ainda mais a autonomia de idosos acometidos de doença vestibular. Os problemas físicos gerados poderão resultar em manifestações de irritabilidade, perda de autoconfiança, insegurança em andar desacompanhado, além de outros comportamentos como isolamento, ansiedade, depressão e pânico1. Ainda, poderão acarretar déficits de atenção, concentração e memória com possíveis repercussões sobre a qualidade de vida e a autoestima. Nesse sentido, o levantamento de informações sobre a qualidade de vida e autoestima de pacientes com distúrbios de origem vestibular é relevante para a realização de diagnóstico pormenorizado dos limites impostos pela doença sobre a sua condição geral de saúde, bem como para definição da programação terapêutica e verificação de sua eficácia. Esse procedimento possibilita uma visão mais ampla do paciente e se alinha ao conceito de saúde multidimensional, largamente divulgado pela Organização Mundial da Saúde - OMS, qual seja, o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade. A disseminação do conceito da OMS concorreu para uma percepção maior sobre a saúde da população, posto que, além de fatores objetivos de ordem biológica, clínica e epidemiológica, o conceito integra fatores subjetivos, entre eles, o estado emocional; as interações sociais; o desempenho de atividades intelectuais e a autoproteção da saúde. Em relação à qualidade de vida, o conceito assumido pela OMS2, desde 1994, também pressupõe outros determinantes, além da saúde física. Associado ao conceito de saúde, veiculado pelo mesmo organismo internacional, a qualidade de vida é entendida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, parâmetros e relações sociais. O conceito incorpora os domínios físico, psicológico e social, ao assumir que a qualidade de vida é influenciada de uma maneira complexa pela saúde física da pessoa, estado psicológico, nível de independência, relacionamentos sociais e, ainda, a relação com características relevantes de seu ambiente. Entre as variáveis que interferem no bem-estar psicológico e, em decorrência, na qualidade de vida, se inclui a autoestima. Ainda que se evidencie na literatura acadêmica uma multiplicidade de abordagens sobre o tema, a maioria dos estudos indica ser ela constituída do juízo de valor que tem o indivíduo sobre si mesmo e em comparação aos demais indivíduos, ou seja, como se sente e o que pensa a seu respeito e se autoavalia em relação às demais pessoas. Estudos apontam que, durante o processo de envelhecimento, a autoestima constitui um fator relevante para que o idoso se sinta confiante e positivamente reconhecido apesar do surgimento de limitações advindas desse estágio de vida. A autoestima constitui, pois, um importante indicador da saúde física e mental dos indivíduos por interferir em suas funções cognitivas, em suas relações afetivas e sociais.  Em razão da influência da autoestima sobre a saúde física e mental, inúmeros estudos e pesquisas tratam de sua manifestação em diversos tipos de pacientes, como é o caso dos portadores de diferentes doenças: oncológicas e onco-hematológicas; crônicodegenerativas; carcinomas de pele; neoplasias mamárias; úlceras crônicas; acidentes vasculares cerebrais -AVC11, entre outras. Embora a literatura disponível sobre tonturas e vertigens de origem vestibular mencione a interferência de sua influência na autoestima dos pacientes, o tema ainda carece de mais investigação, discussão e aprofundamento.  Este capítulo sistematiza um conjunto de informações sobre a relação entre a autoestima, enquanto um componente da qualidade de vida, e seus possíveis desdobramentos em idosos com desequilíbrio corporal de origem vestibular.

2-Desenvolvimento 

2.1 Autoestima
A autoestima corresponde a um sentimento de juízo, apreciação, valorização, bem-estar e satisfação que o indivíduo tem de si mesmo e que expressa por meio de atitudes que toma em relação a si mesmo. Na medida em que é constituída de sentimentos de valoração pessoal, a autoestima inclui a autoimagem e o autoconceito. A diferenciação entre os dois componentes - autoimagem e o autoconceito - é meramente conceitual, posto que ambos se confundem com a própria autoestima. A autoimagem decorre da imagem que o indivíduo tem sobre a sua aparência e o funcionamento de seu corpo. Nesse sentido, a autoimagem corresponde à percepção do indivíduo sobre si mesmo, bem como daquela que supõe ter os demais indivíduos a seu respeito. Em relação à autoimagem, Altafi e Troccoli1 lembram que a mesma situação vivida por diferentes indivíduos pode ser agradável para uns e desagradável para outros. Lembram também que essas experiências dependem da maneira como cada um deles recebe, sente e processa as diferentes situações, no desenrolar dos anos. Neri refere-se ao autoconceito como autoconhecimento, autodescrição e autodefinição devido à sua relação com o self, isto é, o sistema multifacetado de estruturas que define o indivíduo como um todo, responsável pela regulação e mediação de seus comportamentos em relação aos mundos interno e externo. O autoconceito corresponde à forma como o indivíduo pensa e se sente em relação à sua própria pessoa. Nesse sentido, está relacionado à aceitação das pessoas sobre si mesmas, à valorização que imprimem aos demais indivíduos e à projeção que fazem de suas expectativas. Nessa direção, a autoestima inclui um conjunto de valores que o indivíduo incorpora, ao longo da vida, e deles se utiliza para avaliar o seu comportamento como positivo ou negativo. Em geral, a escala de valores incorporada é compatível ao modo de sentir e pensar do indivíduo, que descarta os valores incompatíveis às suas crenças, prioridades e valores. Quando há congruência entre a situação real e a esperada, o indivíduo tende a manifestar emoções positivas, como confiança, autovalorização, capacidade e competência. Quando há incongruência entre a condição vivenciada e a expectativa individual, o indivíduo poderá apresentar atitudes de defesa, melancolia, depressão, agressividade, isolamento social, entre outras, na medida em que não identifica aspectos positivos e/ou produtivos em sil. Assim, a autoestima deriva de auto avaliações baseadas em atributos valorizados pelo indivíduo, relacionados ao grau de satisfação e/ou insatisfação do indivíduo em face das situações vividas. Estudiosos clássicos da autoestima, já destacavam o fator da valoração em sua constituição, enfatizando que os indivíduos conduzem sua vida no sentido de projetar em seus ideais, aspirações e expectativas de vida o poder maior ou menor que atribuem ao “outro”, aos grupos sociais e à sociedade em geral. A autoestima é fortalecida ou enfraquecida por mecanismos de comparação social, ou seja, o indivíduo tende a reforçar ou extinguir atitudes, segundo a autoavaliação que realiza sobre elas.

2.2 Autoestima e envelhecimento
Estudos indicam que a autoestima constitui uma questão central da saúde e do bem-estar psicológico dos idosos em razão da relação direta que estabelece com alguns aspectos que poderão influenciar sua qualidade de vida, tais como: saúde física e mental, morbidade, convívio familiar e social, entre outros. Idosos que mantêm práticas de vida saudável, como exercícios físicos, alimentação balanceada, participação em grupos sociais, entre outros fatores, costumam apresentar autoestima elevada. Estudos realizados por Reitzes e Mutran sobre a relação entre a autoestima e as mudanças em papéis parentais, laborais e sociais em grupo de idosos, ao longo de dois anos, indicam que a autoestima é preservada, quando são garantidos, entre outros aspectos, as boas condições de saúde, ocupacionais, econômicas e educacionais. Mesmo que sejam vivenciados eventos adversos ou transitórios, como exemplo, a aposentadoria, a autoestima está presente. Pesquisa realizada por An et al. com 121 mulheres coreanas, moradoras em uma comunidade, concluiu que idosas que se autoavaliam como saudáveis estão propensas a apresentar autoestima mais elevada. Estudo realizado, durante três anos, por Collins e Smyer com 1.278 idosos americanos que participaram de grupos de exercícios físicos, apontaram mudanças significativas na elevação da autoestima. Resultados semelhantes foram constatados em estudo de Meurer et al., realizado no Brasil com 150 idosos,
embora os autores considerem que outros aspectos também interfiram na autoestima, como por exemplo, a aceitação das mudanças inerentes ao processo do envelhecimento, o nível de escolaridade, entre outros. Já, quando a saúde e a funcionalidade são afetadas, dificilmente os demais papéis serão suficientes para o fortalecimento da autoestima. Em pesquisa realizada por Rabelo com adultos e idosos brasileiros que sofreram AVC, foram considerados fatores de risco para o bem estar subjetivo em que se inclui a autoestima: apresentar restrições em atividades importantes relacionadas à identidade pessoal; ter sofrido AVC em período inferior a três anos; não dispor de colaboração de outrem para realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária; apresentar altos escores em afetos negativos e baixos escores em afetos positivos, e avaliar negativamente a própria vida, quando comparada ao período vivenciado, antes da ocorrência do AVC, ou quando comparada à vida de outros indivíduos da mesma faixa etária, não afetados pelo evento AVC. Estudos indicam que em adultos e idosos, os sentimentos referentes à baixa autoestima poderão permanecer inalterados durante um determinado período de tempo, indicando o quanto os indivíduos estão adaptados ou não à sociedade,19. Mais recentemente, os autores têm chamado a atenção para o conceito de resiliência, isto é, a capacidade dos indivíduos em resistir a acontecimentos adversos e/ou em se recuperar de seus efeitos sobre sua vida. No caso dos idosos, a autoestima elevada fortalece os níveis de resiliência na medida em que são considerados resilientes, os idosos que conseguem resolver problemas cotidianos e existenciais, assumem uma atitude proativa na família e na comunidade e apresentam condições de investir na sua própria saúde, entre outros aspectos, que lhes permitem se sentir bem e com qualidade de vida. Além desses atributos, a participação dos idosos em grupos e/ou redes sociais também influencia, de forma positiva, sua saúde e seu bem-estar psicológico e, em decorrência, sua autoestima e qualidade de vida. No processo de envelhecimento, as redes sociais constituem um aspecto importante para que os indivíduos possam se preparar para experienciar novos papéis sociais em função do período de vida do qual serão os protagonistas. Funcionam elas como um fator importante de proteção ao idoso, que concorre para o fortalecimento de sua autoestima. Em geral, as redes sociais frequentadas por idosos são integradas por um número maior de mulheres que por homens. De acordo com Neri, são comuns a troca de experiências e de vivências entre pessoas da mesma coorte; ainda, segundo a autora, as mulheres dispõem de um maior número de competências interpessoais, o que lhes permite manter um maior número de relações sociais.  Estudo clássico de Samuelsson et al.aponta dois modelos de constituição das redes sociais: Main Model e Buffering Model. Segundo o Main Model, as redes sociais constituem fontes de autoestima uma vez que promovem o estabelecimento de vínculos afetivos e os sentidos de competência, de pertencimento social, de fortalecimento da autoimagem e da autoeficácia. Quanto ao Buffering Model, os autores consideram que o apoio social configura um mecanismo de auxílio para o indivíduo lidar com situações estressantes de toda natureza. Nesse caso, o grupo social atuaria na promoção de suporte e apoio emocional, constituindo uma forma de “empoderar” o idoso para o enfrentamento de situações adversas vivenciadas pelos indivíduos. 2.3 Autoestima em idosos vestibulopatas Em estudo de intervenção realizado por Barreto com um grupo de 11 idosos com tontura de origem vestibular, a autora destacou as alterações ocorridas em relação à autoestima inicial e a manifestada, após um intervalo de dois meses, em que os idosos participaram de um grupo social constituído por seus pares. No caso específico, a participação ocorreu em oficinas de arteterapia, utilizadas como um recurso paralelo e complementar ao tratamento de reabilitação vestibular. A arteterapia constitui uma proposta terapêutica que emprega recursos oriundos das linguagens artísticas, proporcionando aos seus usuários novas descobertas e o autoconhecimento. Segundo o estudo de Barreto, a baixa autoestima inicial dos idosos se manifestou de forma associada à visão estereotipada e aos preconceitos referidos à velhice e ao processo de envelhecimento por seus familiares e outros relacionamentos, conforme destacam os fragmentos das falas a seguir: [...] a velhice atrapalha o homem. Ser velho nos limita, me sinto fragilizado pela idade, queria fazer mais coisas. Infelizmente, não dá. Isso deixa a gente ‘chateado’ [...]. [...] falam que estamos na melhor idade. Eu acho que é a pior idade [...]. [...] Me sinto triste, incapaz e sem vontade. É a idade [...].  [...] eu falo errado e alto. Esse meu jeito de ser, não agrada aos outros. Eu sei. Mas, sou assim. É um defeito, deveria mudar, coisa de velha! [...]. Ainda, de acordo com Barreto, durante o contato com seus pares, os idosos vestibulopatas puderam trocar experiências, narrar episódios e/ou histórias de vida; estabelecer vínculos afetivos e expressar sentimentos diversos, além de exercer sua criatividade nas produções realizadas. Também foram estimulados a discutir temas referentes à velhice, à chamada “terceira idade” e aos ciclos da vida; ao ato de aprender como atividade permanente de vida; bem como foram estimulados a selecionar e utilizar diferentes recursos da linguagem artística, corroborando para o desenvolvimento de sua autonomia, da capacidade de realizar escolhas e de assumir as consequências dos próprios atos com repercussões positivas sobre a autoestima, segundo expressam os fragmentos das falas destacadas: [...] Me sinto um novo ser, sempre aprendo estando com as pessoas. Só de estar aqui, conhecer vocês, foi um presente e tanto, adorei!!! Agora, posso voltar [...]. [...] O mais importante é aprendermos uns com outros. Cada um tem sua limitação, mas se estudarmos e buscarmos conhecimentos haverá um tempo em que todos nós não envelheceremos mais, quando o nosso pensamento, nossa inteligência dominar o nosso ser, ai não seremos mais limitados [...]. [...] Percebi o quanto precisamos uns dos outros [...].  [...] Aqui sim, vi as pessoas se mostrarem com suas limitações, tentando buscar o que tem de melhor em si mesmas [...]. No mesmo estudo, os participantes receberam informações sobre os distúrbios vestibulares que provocam tonturas e vertigens, além das práticas de autocuidado. De acordo com Barreto, pode-se perceber que a apropriação de informações referentes à própria doença também concorre para a afirmação positiva da autoestima, conforme indicam os fragmentos das falas em destaque: [...] Ah, agora sim, entendi... Mas, ainda não sei falar, vesti... como é mesmo? [...]. [...] O importante é aprender [...]quando temos o conhecimento da doença, fica mais fácil entendê-la [...]. [...] Minha nossa, ‘Doutora’, se a senhora não tivesse me explicado, eu nunca ia saber isso [...]. [...] Agora, sou menos ignorante [...]. O mesmo grupo expressou o quanto se sentia valorizado por ter conseguido realizar individualmente ou com os pares as atividades solicitadas. Também expressou o quanto lhes elevava a autoestima tomar consciência de capacidades pessoais, até então desconhecidas, o recebimento de uma palavra de reconhecimento, um elogio ou um cumprimento de seus pares ou da pesquisadora, conforme registram os fragmentos das falas a seguir: [...] Eu não tinha nada para fazer [...] agora eu me sinto mais útil [...] [...] Eu aprendi a ser mais feliz, a estar mais envolvida com as pessoas. Cheguei, aqui, triste, mas, agora, eu percebi que dá para eu levar a vida de outro jeito [...]. [...] Aplausos para o grupo [...] e para a professora [...], se não fosse ela e sua proposta, não estaríamos aqui [...]. Ainda, de acordo com Barreto, à medida que as oficinas foram realizadas, alterações na autoestima dos idosos vestibulopatas puderam ser percebidas em decorrência de sua capacidade de aprender novas linguagens, adquirir informações sobre a doença vestibular e o autocuidado, além da necessidade do estabelecimento de relacionamentos sociais. Os achados da autora sobre a autoestima em idosos com tontura de origem vestibular confirmam os estudos referenciados sobre autoestima em indivíduos não portadores de doentes vestibulares. Confirmam inclusive a importância da participação em grupos sociais, constituído por seus pares, estando de acordo com os estudos de Silva e Vendramini e de Brown, que destacam a função do autoconceito como condição para o indivíduo estar bem consigo e em relação ao meio social mais amplo.

3-Conclusão
O número crescente de investigações teóricas ou empíricas sobre qualidade de vida e autoestima e seus conceitos correlatos (autoimagem, autoconceito, entre outros), tal qual se manifesta na população idosa, tem o propósito de avaliar seus impactos e/ ou repercussões sobre a vida dos idosos. A multidimensionalidade atribuída a ambos os conceitos indica que o campo de investigação é rico e ainda não suficientemente explorado. Envelhecer com uma doença, como é o caso da ocorrência das vestibulopatias, em que os pacientes poderão apresentar comportamentos relacionados à baixa autoestima e níveis aquém dos desejados no que se refere à qualidade de vida, exige a adoção de estratégias de mobilização dos idosos vestibulopatas a adotar novas atitudes de vida. De um lado, o enfrentamento das alterações de ordem física, biológica e cognitiva, próprias do envelhecimento e, de outro, a superação das influências dos distúrbios vestibulares em seu bem-estar psicológico, evitando assumir atitudes de baixa autoestima que, inclusive, interferem em sua qualidade de vida. Uma das possibilidades que se vislumbra para que o idoso com doença vestibular tenha capacidade de responder aos eventos oriundos das vestibulopatias é a sua participação em grupos e/ou redes sociais que configurem uma condição efetiva para o resgate e/ou fortalecimento da autoestima e, em decorrência, para a melhoria de sua qualidade de vida.

Autoras: Thais Sisti De Vincenzo Schultheisza Jane Ribeiro Barretob Célia Aparecida Paulinob Maria Rita Aprileb*

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